domingo, 1 de novembro de 2009

A Realidade

A realidade é um delírio coletivo.

domingo, 25 de outubro de 2009

O Ser

O ser é a verdade em trânsito.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Quando inventou-se a obrigação

Inventou-se meu desgosto
Inventou-se o combinado
Inventou-se o pré- suposto

Eu que sou um cara relaxado
Prefiro andar a esmo
Prefiro ser eu mesmo
Sem nem um entreposto
sem nenhum tempo estimado

Ministro da expressão.

Se arte é administrar
expressão
expressão
é administrar arte
Ser ministro da expressão
Ser ministro em toda parte
Ser poeta é ser leão
que o lutar é muito bom
desde que o lutar não
mate.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Poeta Mosquito

a poesia é para o poeta
como a dengue é para o mosquito
poeta mero vetor acidental da mensagem

a poesia impera sobre o poeta
escrever é seu instinto
sua sina seu destino

Não se escreve por nada
mas também não se escreve por algo
se escreve porque se é escravo
se escreve porque se é dardo

Mensageiro, Hermes, poeta
Deus profere sua mensagem
Mas sem ouvintes-tradutores
ela morre antes mesmo de nascer

sábado, 22 de agosto de 2009

Ato Ota

Ato
Ato
Ato
gato não tem sapato
Ota
Ota
Ota
gato tem bota
Ato
Ato
Ato
Homem tem sapato
Ota
Ota
Ota
Mulher tem sapatilha

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Reclame anima business

Comércio avante!
Comércio pensado.
Comércio importante
é o bem engendrado.

Se não há quem atraia,
só há quem espante.
Muito ouro na laia,
daquele que se expande.

Toca idéia, toca notícia.
O que é o comércio,
sem notório artifício,
senão mero produto,
sem sacrifício?

Comércio bom tem
de quem dele fale bem.
E o comércio ruim,
também.

A diferença está
no dizer e no falar.
Maldizer um comércio
mesmo que bom vira ruim.
É só falar bem dele
que ele cresce assim.

Não queria falar solstício
nem queria falar equinócio
tudo o que eu queria falar
é que a propaganda
é a alma do negócio

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Psicopata

Psicopata
psico pata
a psique da pata
não se cria nem se trata
porque em ser pata
Sua psique inata
é ter como psique:
nada

e nada é para o mundo
como nata é para o leite
o nada está em tudo
mas não provoca nenhum deleite

Momento feliz

Momento feliz
momento temprano
como um chafariz
sua água esguichando
para quem passa ele diz
estou vivo, estou aqui, estou feliz

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Poeta Mosquito

a poesia é para o poeta
como a dengue é para o mosquito

poeta mero vetor acidental da mensagem

a poesia impera sobre o poeta
escrever é seu instinto
sua sina, seu destino

Não se escreve por nada
mas também não se escreve por algo

Se escreve porque se é escravo
Se escreve porque se é dardo

Mensageiro, Hermes, poeta
Deus profere sua mensagem
Mas sem ouvintes-tradutores
ela morre antes mesmo de nascer

Vai, vai, vai

Chato
Enfado
chega
cansado
não morto
sim mutilado
dá vontade de
desistir
mas persiste a
capacidade
a insistir
vai vai vai
pra frente
Num impulso
Que leva à estrada
ou ao chão
depende só de quem
é empurrado
verdade é que nocivo
é ficar parado.

Todo

Fragilizado,
em cacos,
frangalhos,
farrapos,
migalhas.
Pedaços,
dissociados.

um todo
que é todo
mas não se
reconhece todo
por isso se divide
se espalha e setoriza
esse todo é todo errado
porque não percebe que sendo
todo é todo e como todo é de suas
partes completamente indissociável
por isso venho a todos dizer que todos
somos partes de um mesmo todo e somos
um só todo, e por isso, todos, unidos até depois
da morte, casados ou solteiros, brancos, japas, negros
índios, machos viados, lésbicas, bis, cristãos, judeus muçulmanos
indiscriminadamente partes indissociáveis do mesmo todo, que é de todos.

ser também

Há um tipo de pessoa
Pergunta-se a ela quem és?
E ela responde também
Indaga-se, como?
a resposta: também!
para ganha-la diga
te amo do tamanho do céu
e ela dirá
também,
também,
também,
e ao chegar ao chão
descobrir que não
é amado por ninguém.

domingo, 16 de agosto de 2009

O que nos torna humanos ou porque falamos

Estou há algum tempo querendo vomitar este texto, vamos ver como é que ele fica.
O homem é um bicho que faz promessas, é um bicho que faz trocas, é um bicho que fala. Mas antes disso tudo há uma capacidade humana.
Essa é a capacidade de abstração e tenho um chute sobre de onde ela surge. Como definiu Aristóteles, o homem é um ser social. Como conectar isso a abstração? Simples. Por meio da empatia, da capacidade de compreensão de como o outro se sente.
O que quero dizer é que, o que nos torna de fato humanos é a capacidade de percepção da alteridade. Deixem-me ser mais claro. A capacidade de reconhecer o outro. Colocando-se em seu lugar.
A fala só se desenvolveu por dois motivos. Pela existência do amor e pela existência da empatia. O Homem precisou consolar um amigo ou uma mulher, sem ter visto o que havia ocorrido a ele ou a ela. Isso o impedia de dar uma resposta em forma de reflexo. A linguagem surge num momento de extremo amor onde o amante precisa consolar o amado. É nessas horas até os dias de hoje é que curiosamente faltam-nos as palavras. A palavra é a distração, um tipo diferente de consolo, ou para isso é que ela foi projetada.
Infelizmente esse é um valor aprendido. A compaixão deve ser reforçada e passada adiante, enquanto isso não ocorrer continuarão a tomar forma e proporção as bárbaries de todo o tipo. O que curiosamente chamamos de atos desumanos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Como se rima

Pedro...
meu nome é
Pedro.
Com pesar,
mas sem medo,
eu não sei rimar.

Ah se eu soubesse!
Como se rima !
Ah seu pudesse!
Tu nem imagina!

Mas eu não sei rimar.

Quando foi que um dia...
e foi sem querer.
vi uma rima minha!
Não pude conter,

a alegria de rimar

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O mal

O mal é egoísta?
não
isso seria importar-se com alguém
o mal é desprendido, desinteressado
por tudo.

Ele é cego.
Ele passa de braços abertos e derruba tudo
gritam atrás dele esperando alguma satisfação

ele também é surdo

segue seu rumo de destruição
até que encontra um espelho
o qual atravessa como se fosse um fantasma
não se renova nem se destrói,
porque não existe.

O homem o inventou,
não que o homem seja mau.

Nada o é

o homem é que julga eventos que o afetam negativamente,
como maus.

Mas, eles são só eventos naturais.
tsunamis ocorreram antes de nós
e ocorrerão depois.

não sejamos bons
também não sejamos maus
apenas
sejamos
para que mais?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Torque

Momento lírico
Momento empírico
Momento lúdico
Momento mágico
Momento
Poético.

domingo, 9 de agosto de 2009

O que valorizar?

Eu tu ele nós vós eles
juntem todas as pessoas
todas as pessoas do discurso
que o discurso hoje é na praça
que o discurso hoje é profundo

Quero que saibam todos
eu tu eles nós vós eles saibam
deste importante comunicado
foi ferido um leão, um tigre morto
e um homem, ‘inda moço, crucificado.

o homem crucificado destes três,
é o de menos... mas o leão ferido,
deixa o rancor tomar partido,
e devora seus algozes, num
rompante de fúria sem pudor!

O tigre morto deixa família.
Tigresa e tigrezinhos sem teto,
todos descalços, e esses a seus
algozes vem pedir abrigo, comida
caridade, ajuda, pensão alimentícia

o homem crucificado, esse, morreu.
Não há lágrima derramada por ele.
Nem de nobre, nem de pobre, plebeu
quedou sozinho na cruz, nu, morto.

e a vida o rumo segue,
o leão apaziguado,
os tigrezinhos amamentados,
e o homem moço,
’inda crucificado.

sábado, 8 de agosto de 2009

Hein!?

Que belos cães!

velha é a mãe !

Eu disse cães,
ela entendeu cãs

Velha
é ela

e Surda!


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Formigueiro

Formigueiro , coisa engraçada, pensem. Pensem num formigueiro. Não vão pensar em botar fogo nele. Nem pensem em chamar o dedetizador. O formigueiro toma agora, nesse texto, uma nova acepção. Em dizeres claros vou dizer formigueiro para dizer coletivo. Formigueiro para comunidade. Formigueiro para nação. Formigueiro para ajuda mútua e inter-dependente com outros formigueiros, quiçá colméias. Digo isso para dizer que o brasileiro seja operário, seja rainha, ou seja soldado, ele não percebe o formigueiro em que vive. Crê na ilusória e insólita certeza de que seus atos não afetam os demais. Afetam muito. Se há algum curioso que busca justificativa ela se segue aqui. Todas as formigas operárias alimentam a si mesmas, aos soldados e a rainha. E se uma formiga operária deixar de fazer o seu papel? Teremos uma liderança frágil, e um futuro incerto, afinal é da rainha que nascem as larvas, que são o futuro do formigueiro. E seremos presas fáceis às aranhas já que temos soldados menos alimentados. E se o soldado deixar de fazer o seu papel? Nossa raninha será atacada e não teremos uma nova geração de formigas. Caso essa não venha a ser atacada diretamente, de certo as operárias que a alimentam serão, e indiretamente o sucesso do formigueiro será comprometido. Se não há rainha o formigueiro perde seu sentido, seu rumo. Que é exatamente manter viva a rainha para prosperarem os formigueiros que surjam dela. Brasleiros, eu lhes peço não sejam a formiga preguiçosa, e não deixem aqueles a sua volta o serem. Se isso acontecer ou a aranha ou o dedetizador nos achará, e pior, nos achará indefesos.


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ímpeto, Agonia, e Temperança

Havia um homem que vivia com sua mulher e seu filho numa cabana. Vivia nu. Lá existia tudo do que precisava. Alimento em abundância, sua esteira onde dormia, e um teto que os protegia da chuva.
Certa noite em meio a uma tempestade, ele acorda aflito. Necessitando sair da cabana. Sua mulher o chama. Seu filho chora pedindo pelo pai. Entretanto como fosse surdo o homem segue, indiferente. Sai da cabana e já não se ouvem os prantos. De súbito percebe a tempestade e busca abrigo sob uma rocha. Esta o protege até o fim do dilúvio. Com o fim dessa ventura o homem pensa consigo: “Que sorte, encontrei uma rocha na hora exata em que precisei!”.
Sem saber muito bem para onde ia o homem segue seu rumo. De alguma forma ele sabe por qual direção seguir e o faz. Sem hesitar. Até que em dado momento depara-se com um enorme dragão vermelho. Esse cospe fogo pelas ventas. O homem pensa que aquele será seu fim. Quando olha para seu corpo descobre não estar mais nu. Vê-se vestido como um cavaleiro. Com uma armadura no peito. Na mão esquerda um escudo, e na direita uma espada. Segue, mais uma vez seu ímpeto. Sem titubear faz do dragão seu avesso e de suas tripas alimento. Depois de alimentado sabe que deve seguir seu destino. É estritamente o que faz.
Prossegue seu caminho como se marchasse. Novamente se questiona para onde vai. Pela força da vontade que sente, segue seu caminho ignorante sobre seu destino.
Chega então a um ambiente estranho, metálico, um castelo de paredes cromadas e de pequenas janelas. No ato de tocar neste, o castelo levanta-se como um gigante de metal prestes a esmagá-lo com a força de suas pisadas. Sente-se mais uma vez agoniado e indefeso, mas quando olha para si percebe que em uma das mãos onde antes havia espada, agora há uma corda com um peso em cada ponta. Ele a lança ao redor das pernas do gigante metálico que sucumbe, vindo ao chão imóvel. Mais uma vez sente-se aliviado e surpreso com a precisão das armas que surgem em suas mãos.
Seu anseio por prosseguir ainda existe. O homem segue com determinação até seu destino desconhecido. Quando se dá conta, está em um abismo. Olha atrás de si e tudo o que vê é vácuo, escuridão, à sua frente vê o mesmo, trevas. E pelo pavor cai e cai e cai, como num poço sem fundo, onde grita e não há nada, nem ninguém para ouvi-lo. Sua voz é um grito mudo. Mesmo a plenos pulmões. Não há rocha, não há armadura, não há espada que o salve. Novamente nu ele cai. Assustado e certo de que esse era realmente o fim de toda a sua existência. Não há o que possa salva-lo. É quando num tremendo susto ele acorda arfando. Ofegante e suado, sobre sua velha esteira. Levanta-se, observa o filho dormindo. Fita-o lembrando de sua própria infância. De maneira delicada para não acorda-lo, lhe dá um beijo. Com sua mulher ocorre algo similar, a mira como na primeira vez em que o fez. Então já soube que ficariam juntos por toda a vida. Também a beija. Logo se cobre e volta a dormir com a maior serenidade que já havia sentido.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

___________NADA®_________

nada, tudo,
tudo, nada.
se tudo nada,
o que é que anda?
e quem voa e nada ?
e quem voa e anda?
e quem nem voa nem nada?
só sei que nadar sei.



*e saí nadando pelo mar até sumir no horizonte*

O que é o que é?

Sou anacromático
anencéfalo

Sou anormal
amoral

Sem mistério

Sou animal

quarta-feira, 29 de julho de 2009

______________99 = ?______________

A questão é a seguinte
99 não é vinte
A questão não é sucinta
99 não é trinta
A questão é extensa
99 não é 8 nem 80
A questão é complicada
99 não é nada

quarta-feira, 22 de julho de 2009

diálogo musicado entre patrão e empregado

Que tenebrosa visão,
que monstro aterrador!
Qual temível aberração
incomoda vosso rei e senhor?

Peço que me trates bem.
Não sabes, mas sou de grande valia
desprezas-me, só porque tem
em ouro grande quantia?

Pois saibas que no ouro
é que reside todo o poder,
é passado o tempo dos louros,
dos nobres a de terras viver.

De passado tratemos outrora.
O presente por si é propício,
para conversa mais sonora.
Se ao rei não for sacrifício.

Contes-me de pronto bruta besta
qual grande tema o traz até mim.
Todo meu tempo não é festa,
e tu não és feito de marfim!

O ganho que aqui faço
o meu sustento traz não
Já não tenho força no braço
Venho a ti pedir mais pão

Veja só que ousadia!
Não tens força muscular,
e vens em plena luz do dia
a sua deficiência me cobrar!

Sabes, sem minha labuta
não manténs vosso capital
precisas deste coberto de juta
deste reles serviçal

Como tu muitos tenho
na fábrica ao pé do portão
se comportas-te tão ferrenho
Vá embora, é a melhor solução.

Vou e vou de cabeça erguida
Apenas triste por não ter pão
Quero que saibas que minha vida
melhora com o fim de tanta opressão.

domingo, 19 de julho de 2009

Sobre a Genealogia da moral.

Não sobre ela em si, mas sobre o livro do Nietzsche, que leva o mesmo nome. Não gosto de ser estraga-prazeres, embora o livro seja uma exposição filosófica, não me sinto confortável para revelar exatamente como ele aborda essa questão. Prefiro dizer que a maneira como Nietzsche escreve parece aleatória, e é muito envolvente. Quando finalmente percebi aonde ele queria chagar, ele já havia chegado. E não em tons pastéis, mas sim de maneira triunfal e gritante. Isso que falo aplica-se a primeira dissertação, o livro é composto por três delas. Encontro-me no fim da segunda e me parece que essa estrutura de suspense se manterá até a terceira. Preciso dizer, que devido a esse método de escrita e à gravidade que possuem os temas propostos esse livro não é recomendado nem a cardíacos, nem a conservadores, visto que já traz no subtítulo o os dizeres "uma polêmica". Ao resto dos possíveis leitores, deliciem-se com esta grande obra de filosofia.