quinta-feira, 15 de julho de 2010

Preguiça

Jogado ao léu,
de lá não saio.

Deixo o mundo
seguir seu curso.

Naturalmente
sem interferência.

Deixai que o ócio
tome conta de mim,

me reja, me mova,
me domine.

Para que assim
,eu mesmo,
não precise nada,

reger, mover
nem sequer,
dominar.

Obsessão

Não é amor
é obsessão

Não é por vós
é por mim

Não é para ser bom
nem para ao menos parecer

Não é pela verdade
nem absoluta
nem relativa

Não é pela mentira
nem por mal

Minha obsessão doentia
de ser quem eu sou

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Reatividade X Atividade

Creio que é possível classificar os seres vivos em dois grupos. O dos ativos e o dos reativos. Os reativos surgiram primeiro na escala evolucionária. Isso ocorreu já que os seres ativos comportam-se de uma maneira mais complexa, e, portanto, necessitaram de mais tempo de elaboração da mãe-natureza até aparecerem por aí.
Dessa forma quero primeiramente caracterizar os seres reativos. Ser reativo é aquele que reage aos mesmos estímulos, não importando se internos ou externos, sempre da mesma forma. Um exemplo seria uma planta. Se há luz então seu caule cresce em direção a ela. A planta não possui a capacidade decisória de, por exemplo, não crescer na direção da luz. Ela simplesmente cresce, e crescerá sempre que as condições físicas a permitirem. Assim podemos dizer que a planta reagiu ao estímulo da luz. Como todo o comportamento das plantas é reativo, podemos considerar que estas são seres reativos obrigatórios.
Os seres humanos, diferentemente das plantas, são seres ativos, embora isso não queira dizer que tenham abandonado completamente sua reatividade. A atividade humana consiste na capacidade de entreter ações genuínas. Tais ações seriam aquelas que surgem de dentro para fora, sem a necessidade de um estímulo específico. Ou ainda aquelas ações de resposta a estímulos, diferentes daquelas ações de resposta padronizadas e ditadas por seus instintos. Por exemplo, o ato de ser criativo é uma ação genuína, já que não é sempre igual e determinado. Isso pode ser percebido quando um tema de redação é dado para crianças e cada uma cria uma história diferente. Embora seja pouco provável, é evidente que existe a possibilidade de surgirem duas histórias iguais. Entretanto, se existe a possibilidade da diferença já pode ser caracterizada uma ação genuína.
Disse que os humanos não abandonaram a sua reatividade por completo. Gostaria de ilustrar isso com um exemplo. O reflexo que o médico promove em seus pacientes ao estimular suas patelas realizando o levantamento da perna, é um exemplo de reatividade. Entretanto, se fosse possível controlar-se e evitar isso, esta atitude seria uma ação genuína. Assim havendo as duas possibilidades nos humanos gostaria de chamá-los de seres ativos facultativos.
Me parece que o que permite aos seres humanos a possibilidade de desempenhar ações genuínas seria a memória. Em uma planta não existe uma memória a qual ela possa recorrer para, dessa forma, analisar um repertório de respostas possíveis e escolher a mais adequada. Se igualmente, nós não tivéssemos memória não poderíamos escolher tomar um caminho diferente do definido por nossos instintos.
Gostaria de ressaltar que usei como exemplos organismos muito distintos, seres humanos e plantas. Não me sinto capaz de julgar a atividade dos seres entre um e outro. Creio que para verificar a capacidade dos seres de desempenhar uma ação genuína seja necessário realizar experimentos expondo os seres sempre aos mesmos estímulos e observando suas respostas. Quero também chamar atenção para o fato de me parecer que não há seres ativos obrigatórios. Todos possuem um grau maior ou menor de reatividade, e é isso que determina sua autonomia ante seus instintos.