segunda-feira, 26 de abril de 2010

Limite do Eu

Somos todos partes indissociáveis da realidade. Somos compostos dos mesmos elementos que os outros entes que existem, materialmente. Ainda assim, conseguimos de alguma maneira nos destacar do todo, da natureza. Conseguimos perceber a nossa existência singular e individual. Poderia se argumentar que o que nos faz perceber nossa individualidade são os sentidos. Acho pouco. Quando se participa de um processo extremamente catártico como um concerto de música ou um jogo de futebol, a multidão que se forma tem vida própria. Reage junta aos acontecimentos que observa. Por um momento cada integrante dela esquece-se de si e torna-se apenas uma parte da massa, indistinto dela. Nesse instante especial perde-se a noção do Eu. E apesar disso os sentidos não estão suspensos. Contrariamente, estão ativos e exercendo um papel importante nessa comunhão. O que faz com que se perceba a existência do Eu separado da realidade é a consciência. Defino para este fim, a consciência como sendo a percepção das percepções. A capacidade de perceber o que se sente. Na massa apenas há a percepção seguida imediatamente pela reação provocada por ela. Não há uma ponderação antes do agir. Enquanto que fora dessa comunhão o indivíduo tem noção de suas percepções e por isso pode ordenar suas atitudes. Logo ter a consciência do Eu é perceber o que se sente podendo dessa forma delimitar-se. O indivíduo termina a partir do ponto em que seus sentidos são suprimidos, ou seja, além de seu corpo. Assim percebe a sua fronteira. Se não há a consciência o indivíduo apenas percebe, deixando dessa forma de perceber suas percepções, e, portanto a si mesmo.