Conhecer é ser aranha
ser aranha é só tecer
ter na alma, na entranha
o estranho gosto de coser
não com seda nem barbante
a matéria dessa teia é o conceito
Descartes me perdoe e tambérm Kant,
e seu ponto de apio não é o sujeito
terça-feira, 23 de outubro de 2012
domingo, 30 de setembro de 2012
C. A.
Letras são desenhos com sentido
só pra quem ficou sentado
sem ter consentido
obrigado ao terror caligráfico
tão mais terrível
quanto mais se gosta de jogar bola.
Terror da alfabetização na escola
só pra quem ficou sentado
sem ter consentido
obrigado ao terror caligráfico
tão mais terrível
quanto mais se gosta de jogar bola.
Terror da alfabetização na escola
terça-feira, 25 de setembro de 2012
A Dialética
A Dialética é macular com ódio todo amor.
É contaminar todo prazer com dor.
E é um preço muito caro a se pagar
,para infundir amor no ódio, e prazer na dor,
deve-se banir toda beatitude plena,
em troca da promessa covarde
de um sorriso amarelo,
na tristeza que envenena
É contaminar todo prazer com dor.
E é um preço muito caro a se pagar
,para infundir amor no ódio, e prazer na dor,
deve-se banir toda beatitude plena,
em troca da promessa covarde
de um sorriso amarelo,
na tristeza que envenena
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Hoje não
Fazer uma poesia é que nem não fazê-la
só que ao contrário
quando você faz, você faz
quando não faz, não faz nada
quase todo dia faço poesia ao contrário
hoje não
só que ao contrário
quando você faz, você faz
quando não faz, não faz nada
quase todo dia faço poesia ao contrário
hoje não
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Sassaricando
saudosos sábados sossegados
susurrando ces´t la vie saindo
sambando sem soberba são serenos
são seletos, só afeto só sabor,
sapiência e amor
à quatro mãos com kiko, imperador carioca dos pampas
susurrando ces´t la vie saindo
sambando sem soberba são serenos
são seletos, só afeto só sabor,
sapiência e amor
à quatro mãos com kiko, imperador carioca dos pampas
sábado, 15 de setembro de 2012
Auto-estima
Vi um bebê
Um bebê
No metrô
Ela viu seu reflexo
na janela do vagão
Não se sabendo si mesma,
sorriu e brincou com o outro bebê.
Ter auto-estima é isso.
Não se reconhecer no espelho
e ao olhá-lo, gostar do que se vê.
Um bebê
No metrô
Ela viu seu reflexo
na janela do vagão
Não se sabendo si mesma,
sorriu e brincou com o outro bebê.
Ter auto-estima é isso.
Não se reconhecer no espelho
e ao olhá-lo, gostar do que se vê.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Da inexistência da folha em branco, ou Espaço relacional da literatura
A obrigação que a folha em branco nos impõe
é a de preenchê-la
porque, quando só branco e branco se sobrepõe
é impossível vê-la
a folha em branco inexiste
só há branco se entrelinhas preenchendo
o contorno da própria letra viva, que insiste
que folha em branco só é folha se não-sendo
é a de preenchê-la
porque, quando só branco e branco se sobrepõe
é impossível vê-la
a folha em branco inexiste
só há branco se entrelinhas preenchendo
o contorno da própria letra viva, que insiste
que folha em branco só é folha se não-sendo
domingo, 15 de abril de 2012
Se quiseres ir, vá só.
Era um cara chato que odiava tudo
ele via defeito em qualquer coisa
bastava que a coisa estivesse no mundo
mas isso ele não agüentava
lhe causava muita dor
viver num mundo em que achava
que tudo o que havia era horror
então percebeu a solução
usando a bela mágica que não existia
criou um belo mundo falso
num lugar que jamais haveria
Se si mudasse sozinho para lá
problema nenhum encontraria
mal é que quis a todos levar
para consigo morrer nesta utopia
Mesmo quem a vida vivia
e vivia porque queria
se queria, queria errado
e viver mais, não deveria
agora é preciso explicar
o que é uma utopia
ela é um não-lugar
onde só o não-ser seria
ele via defeito em qualquer coisa
bastava que a coisa estivesse no mundo
mas isso ele não agüentava
lhe causava muita dor
viver num mundo em que achava
que tudo o que havia era horror
então percebeu a solução
usando a bela mágica que não existia
criou um belo mundo falso
num lugar que jamais haveria
Se si mudasse sozinho para lá
problema nenhum encontraria
mal é que quis a todos levar
para consigo morrer nesta utopia
Mesmo quem a vida vivia
e vivia porque queria
se queria, queria errado
e viver mais, não deveria
agora é preciso explicar
o que é uma utopia
ela é um não-lugar
onde só o não-ser seria
terça-feira, 13 de março de 2012
1213
1213
Os movimentos sociais do campo,
que me dão calor no lombo
e no coração espanto,
fecharam grande acordo,
de grande vulto e alegria,
conseguiram para seu povo
a tão sonhada harmonia.
Pra cada um uma terra,
pra cada terra uma família.
E pra cada família um sustento,
e pra cada fome uma comida.
E tudo na forma da lei,
na reforma agrária,
promulgada pelo rei,
só que meio por cento é nosso
e 95.5% é dele
esse feudalismo anda com tudo!
não é mesmo?
Os movimentos sociais do campo,
que me dão calor no lombo
e no coração espanto,
fecharam grande acordo,
de grande vulto e alegria,
conseguiram para seu povo
a tão sonhada harmonia.
Pra cada um uma terra,
pra cada terra uma família.
E pra cada família um sustento,
e pra cada fome uma comida.
E tudo na forma da lei,
na reforma agrária,
promulgada pelo rei,
só que meio por cento é nosso
e 95.5% é dele
esse feudalismo anda com tudo!
não é mesmo?
quinta-feira, 8 de março de 2012
Meu gosto é fazer metafísica
Meu gosto é fazer metafísica
o problema é que às vezes o meu gosto
é dos outros o desgosto
e só porque gosto,
não posso impor aos que gosto,
aquilo que eles desgostam
se não gostam de metafísica vá lá
mas meu gosto ainda é esse
e também não é porque desgostam do meu gosto,
e de mim gostam,
que eu deva desgostar desse meu gosto
e se gostam de fazer poesias,
como eu também gosto,
aproveito e faço o que gosto duas vezes,
sem fazer desgosto naqueles que gosto,
fazendo escondido,
no meio daquilo que eles gostam,
aquilo que só eu gosto.
eu gosto mesmo é de fazer metafísica
pode procurar aí.
o problema é que às vezes o meu gosto
é dos outros o desgosto
e só porque gosto,
não posso impor aos que gosto,
aquilo que eles desgostam
se não gostam de metafísica vá lá
mas meu gosto ainda é esse
e também não é porque desgostam do meu gosto,
e de mim gostam,
que eu deva desgostar desse meu gosto
e se gostam de fazer poesias,
como eu também gosto,
aproveito e faço o que gosto duas vezes,
sem fazer desgosto naqueles que gosto,
fazendo escondido,
no meio daquilo que eles gostam,
aquilo que só eu gosto.
eu gosto mesmo é de fazer metafísica
pode procurar aí.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Cadê o Tempo?
Tem muito tempo,
que o tempo anda sumido.
Foi passear em outro campo,
me pergunto porque teria partido.
Se foi, não me disse com quem.
se ficou, foi escondido.
O fato é que o tempo é meu amigo.
E não pode fazer assim comigo,
Volta tempo!
Volta logo!
Senão, não tenho tempo
pra esperar você chegar,
pra sentir saudades suas,
pra você ter sequer ido embora.
que o tempo anda sumido.
Foi passear em outro campo,
me pergunto porque teria partido.
Se foi, não me disse com quem.
se ficou, foi escondido.
O fato é que o tempo é meu amigo.
E não pode fazer assim comigo,
Volta tempo!
Volta logo!
Senão, não tenho tempo
pra esperar você chegar,
pra sentir saudades suas,
pra você ter sequer ido embora.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
O espaço anda mal,
ele nem anda, pra falar a verdade.
Essa história de deslocar-se sobre si
ele desmente, diz que é mentira pura,
maldita leviandade.
Sempre foi imóvel,
e imutável, até onde se lembra.
Não anda de lá pra cá,
não se separa, nem se desmembra.
Nunca esteve num só lugar.
Por estar sempre em todos.
Não é que queira a todos agradar.
É que, não comparecer, lhe parece falta de modos.
O vazio que a tudo preenche,
e é por tudo preenchido.
O espaço nunca se move,
se, se movesse, já teria morrido
Essa história de deslocar-se sobre si
ele desmente, diz que é mentira pura,
maldita leviandade.
Sempre foi imóvel,
e imutável, até onde se lembra.
Não anda de lá pra cá,
não se separa, nem se desmembra.
Nunca esteve num só lugar.
Por estar sempre em todos.
Não é que queira a todos agradar.
É que, não comparecer, lhe parece falta de modos.
O vazio que a tudo preenche,
e é por tudo preenchido.
O espaço nunca se move,
se, se movesse, já teria morrido
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Em um mundo paralelo
Em um mundo paralelo,
havia um carro amarelo.
E esse mundo era diferente.
Nele, à trás era à frente.
O junto, era solitário,
era tudo ao contrário.
Nele, o dia era noite.
O carinho era açoite.
A morte era a vida.
A cura era a ferida.
E aquele carro amarelo,
não era um tàxi.
havia um carro amarelo.
E esse mundo era diferente.
Nele, à trás era à frente.
O junto, era solitário,
era tudo ao contrário.
Nele, o dia era noite.
O carinho era açoite.
A morte era a vida.
A cura era a ferida.
E aquele carro amarelo,
não era um tàxi.
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