domingo, 9 de maio de 2010

Essência da dor

Antes de qualquer coisa gostaria de colocar duas definições. Primeiramente quero dizer que a essência de um objeto é aquilo que se é posto, o objeto também é posto, e se é retirado o objeto é igualmente retirado, e, além disso, a essência não pode ser externa ao objeto. Em segundo lugar vou copiar a definição do termo latino, e filosófico, qualia, da Wikipédia. Ela diz assim: Qualia [singular: quale, em latim e português]. Termo filosófico que define as qualidades subjetivas das experiências mentais. Por exemplo, a vermelhidão do vermelho, ou o doloroso da dor.
Agora posso explicar em que consiste a teoria dos qualia invertidos, vamos lá. Suponhamos que você veja um morango e tenha aprendido que a cor dele é vermelha, por isso o chama de morango vermelho. Eu aprendi da mesma forma e por isso também o chamo de morango vermelho. No entanto o meu quale, isso é a cor que eu experimento quando vejo o morango, é o seu quale que você experimenta quando vê um limão. Ou seja, nós temos qualia invertidos. O que eu vejo como vermelho você vê como verde, mas ambos aprendemos a chamá-lo de vermelho. É uma estranha possibilidade.
Lembrando que os qualia valem para experiências mentais em geral, eles incluem a dor. Então o que aconteceria se colocássemos a dor na possibilidade dos qualia invertidos? O que eu chamo de dor você poderia dizer que são cócegas, mas pela impossibilidade de transmitir a sensação, não se percebe a diferença. Logo surge a pergunta: Qual é a essência da dor?
Bom, pela definição de essência não podemos recorrer ao que a dor provoca como gemidos e choros para identificar sua essência, já que esses são externos a ela. Além do fato de que é possível fingir a dor com gemidos e choros sem sentir dor alguma. Logo esses não são sua essência. Poderíamos pensar então: Ah, já sei, a essência da dor é o seu quale! Mas então aparece uma possibilidade estranha, acompanhe. Se a essência da dor é o seu quale, e se por acaso for verdadeira a teoria dos qualia invertidos então a essência da dor seria exclusiva para cada indivíduo.
Dessa maneira a teoria dos qualia invertidos cai por terra. Porque se a essência da dor fosse diferente para cada um, aconteceria o seguinte: Pondo-se a essência da sua dor para mim eu sentiria cócegas, por exemplo, e se retirasse eu deixaria de sentir cócegas. A dor nem dá as caras. Então essa não seria a essência da dor. Pode-se argumentar que não seria a essência da minha dor. Mas então surgiria um impasse: a dor como a entendemos não teria essência. Não haveria uma unificação de conceitos para que todos pudéssemos chamar de dor a mesma coisa, e ela seria então múltipla. Apesar disso nos comunicamos a respeito dela e nos entendemos.
Bom, ou a dor é múltipla e não tem essência, ou a teoria dos qualia invertidos é furada. Decidam por si próprios, em todo caso eu prefiro a segunda opção.

5 comentários:

  1. Agora eu te dou o seu pedaço do fandangos. XD

    Muito bom, Pedro!

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  2. Valeu cara, sua aprovação é importante para mim.
    Mas eu acho que mereço pelo menos um pacote inteiro ^^

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  3. Muito bom, mas, pelo que eu entendi, você chegou à conclusão de que "a dor não tem essência se a teoria dos qualia invertidos estiver certa" a partir da premissa de que a essência da dor é o seu quale, o que eu acho meio duvidável. Mas dá uma discussão boa isso!

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  4. Olá Pedrovsky

    A essência da dor é o desconforto.
    A dor física é um sinal do organismo de perigo. Numa queda ou tortura endorfina e adrenalina são liberadas.
    A dor afetiva, moral e ética liberam adrenalina, verificável pela insônia em alguns e depressão (excesso de endorfina) em outros.
    Devem corrigir se for necessário.

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  5. calma que eu fiquei confusa . depois vc tem que desenvolver isso pra mim

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